quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A Constelação do Cruzeiro: Dirceu Lopes


"O maior jogador do Mundo" - afirmação sobre Dirceu Lopes, feita por Garrincha, ponta-direita do Botafogo, Campeão Mundial com a Seleção em 1958/1962.

Ao lado de Tostão, talvez seja o melhor jogador da história do Cruzeiro. Um atleta de classe e categoria inigualáveis dentre os que desfilaram nos gramados de Minas Gerais.
Jogador proveninente das categorias de base do Cruzeiro, Dirceu Lopes despontou entre os juvenis, e estreou como titular contra o Galo no Campeonato Mineiro de 1964, no empate por 1x1. Foi a primeira vez que atuou ao lado de seu maior parceiro em campo: Tostão.
Após este clássico, Dirceu não saiu mais do time. Era muito habilidoso e velocíssimo, sua marca eram as arrancadas do meio campo com a bola sob seu domínio até a área adversária, descrevendo dribles indescritíveis sobre os adversários. Dirceu tinha a frieza dos goleadores e visão de jogo inerente aos antigos meias-de-armação. Além disso, uniu habilidade e velocidade, e assim passou a ser chamado de o "Príncipe da bola".
Apesar de baixinho - Piazza só o chama assim, Baixinho-os beques grandalhões não eram capazes de contê-lo. Dono de velocidade espantosa, pensava na frente de todos e executava as jogadas como um relâmpago. Um dos grandes admiradores do seu futebol foi o Rei Pelé, foi ele também quem pediu sua convocação para a Seleção Brasileira, aos 20 anos.
Dirceu formou com Tostão e Piazza maior tripé do Cruzeiro. Nunca houve um meio-campo tão eficiente como este do futebol mineiro, em qualquer época. Dirceu era o complemento perfeito para a genialidade de Tostão e a combatividade de Piazza.


Na foto: Renato (goleiro do Atlético-MG), Dirceu Lopes e ao fundo Humberto Monteiro (Atlético-MG) e Natal, o "Diabo Loiro".

Com suas jogadas formidáveis, ele abria espaço para os companheiros e desarrumava as defesas adversárias. Por ser torcedor Cruzeirense, tinha gosto especial pelos confrontos contra o time de Lourdes, e através de seus gols decidiu vários jogos, e inclusive a conquista dos Campeonatos Mineiros em 1967 e 1973.

Foto da final do Campeonato Mineiro de 1967: Cruzeiro 3x1 Atlético-MG

Mas foi contra o Santos, que ele brilhou mais. Em 30 de Novembro de 1966, no tão lembrado e 6x2 contra o time de Pelé, Coutinho, Pepe & Cia. Dirceu Lopes fez uma partida extraordinária, e ainda marcou 3 gols, sendo que em um deles, fez com que o experiente goleiro do Santos e da Seleção, Gilmar, ficasse agarrado ao poste, desolado e pasmo, ante a jogada genial de Dirceu. O gol ocorreu após o capitão do esquadrão santista Zito, naquela época, já bicampeão do mundo pela Seleção Brasileira, que, como de costume, havia assumido a responsabilidade de parar o jovem Dirceu foi humilhado. Num lance espetacular, Dirceu recebeu novamente de frente para o gol e deu dois cortes rápidos e desconcertantes no capitão santista, um para a direita e outro para a esquerda, acertando uma bomba na gaveta do também bicampeão Gilmar que, no pulo desesperado para tentar a defesa, acertou a sua própria trave, caindo dentro do próprio gol.
Mais do que uma vitória sobre o Maior Time de Todos os Tempos, o time Celeste ainda deu espetáculo para os mais de 100.000 presentes.

Tostão comemora o gol de Natal no 6x2 de 1966


Nas segunda batalha, no Pacaembu, a história parecia que seria diferente, pois no primeiro tempo o Santos abriu uma vantagem de 2x0 com um dos gols marcados por Pelé. Os paulistas espereavam que o Santos devolvesse a goleada, e já no intervalo procuraram Felício Brandi para marcar o jogo extra, uma vez que consideravam a vitória certa do time do Santos. A velha Raposa, não aceitou evidentemente e numa conversa de vestiário, o time mudou a atitude e virou o jogo para 3x2, com um dos gols do magnífico Dirceu.
Esquadrão que foi vice-campeão da Taça de Prata em 1970.


Com Saldanha no comando da Seleção canarinho, Dirceu Lopes era nome certo para a Copa do Mundo de 1970 no México, mas foi cortado pelo novo técnico Zagallo, que alegou já haver "muitos jogadores para a sua posição" no escrete.
Junto com Tostão, formou uma das maiores duplas ofensivas do mundo, comparável a Pelé e Coutinho, no Santos e Gérson (o canhotinha de Ouro) e Jairzinho, no Botafogo.


Um episódio marcante de sua carreira, aconteceu em São Paulo, aonde o Cruzeiro estava hospedado. Dirceu foi visitado por nada mais, nada menos, do que o Mané Garrincha que afirmou que Dirceu era: "o maior jogador do mundo".Em 1975, sofreu uma grande contusão no calcanhar, rompendo o tendão de Aquiles, e ficou parado por treze meses. Aos 30 anos voltou a jogar e ganhou passe livre. Foi para o Fluminense e, depois, para o Uberlândia, e aí encerrou a carreira.


Dirceu Lopes entregando prêmio ao Fenômeno.

Atualmente, Dirceu é secretário de esportes da prefeitura de Pedro Leopoldo. Também possui três franquias, de escolinhas de futebol do Cruzeiro.
Este ícone da história do Cruzeiro, chamado Dirceu Lopes, foi de uma genialidade notável, e imprescindível para edificar o Cruzeiro de hoje. Ao lado de Tostão, Piazza, Natal & Cia, Dirceu Lopes contribuiu para que o Cruzeiro se tornasse um dos maiores clubes do Mundo.
Dirceu foi um dos responsáveis por firmar o Cruzeiro como sinônimo de time de toque de bola, de classe, de categoria, de futebol limpo e explêndido. Inclusive em sua época surgiu uma expressão numa marchinha de carnaval: "Rápido e rasteiro, como o ataque do Cruzeiro".
Um grande símbolo do futebol arte, Dirceu Lopes Mendes, é, indubitavelmente, uma das maiores estrelas da Constelação do Cruzeiro.

Nome: Dirceu Lopes Mendes
Nascimento: 3/9/1946, em Pedro Leopoldo (MG).
Quando jogou: 14 anos (1963-1977)
Títulos:
Taça Brasil em 1966
Campeonato Mineiro 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974 e 1975.

Marcou 224 gols registrados em 14 anos de Toca da Raposa, marca que o coloca como segundo maior artilheiro na história do clube, atrás apenas de Tostão, que marcou 248 gols.

Titular absoluto de todas as seleções mineiras formadas a partir de 1964 os cronistas o elegeram doze vezes "melhor jogador do ano", e a revista Placar lhe deu três Bolas de Prata como melhor da posição no Campeonato Brasileiro, 1970, 1971 e 1973.

Nos jogos realizados no Mineirão, é o maior artilheiro do Cruzeiro contra o Atlético-MG, assinalou 12 tentos.

2ºJogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro, em 601 oportunidades.

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