quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A Constelação do Cruzeiro: Tostão

Eduardo Gonçalves de Andrade, ganhou o apelido que lhe ficou marcado em sua carreira, ainda quando criança. Tostão jogava bola com garotos mais velhos no conjunto IAPI em Belo Horizonte e era o menor do grupo, e passou a ser chamado assim em alusão à moeda da época.
Tostão iniciou sua carreira numa breve passagem pelo futebol de salão e de campo do Cruzeiro e logo se transferiu para o América, clube do coração de seus pais e onde permaneceu por um ano. Mas sua volta ao Cruzeiro não demorou , com 15 anos em 1962 assinou seu primeiro contrato como profissional. O detalhe, é que Tostão assinou contrato com o Cruzeiro depois de muita persistência da eterna Raposa Felício Brandi, que fechou o negócio no dia de seu próprio casamento, tendo inclusive chegado atrasado à cerimônia.
Com apenas 18 anos já era convocado para a Seleção Mineira de profissionais, e inclusive disputou como titular a partida de inaguração do Mineirão em 1965, na vitória da Seleção Mineira por 1 a 0 contra o River Plate da Argentina.
Tostão ficou marcado ao longo de sua carreira pela sua visão de jogo, com passes explêndidos deixava os atacantes em excelentes condições para marcar. Possuía toques sutis, inteligência notável para se deslocar e armar o jogo, um gênio do futebol mundial. Mesmo jogando no meio-campo para municiar os atacantes, era também artilheiro, possuía a capacidade de dar o drible curto contra o adversário com facilidade, tinha uma visão de jogo ímpar, foi um dos melhores cobradores de falta do Cruzeiro em 88 anos.
Tostão também treinava sozinho após os treinos do Cruzeiro, para se aperfeiçoar e corrigir defeitos.
Juntamente com a inauguração do Mineirão em 1965, Minas Gerais ganhava também destaque com o time do Cruzeiro. No ano de 1966, o Cruzeiro bateu o maior Time de Todos os Tempos, o Santos Futebol Clube, Bi-campeão da Copa Libertadores e do Mundo (1962/1963) e atual penta-campeão da Taça Brasil, que contava com nada mais, nada menos do que Pelé, Pepe, Mauro, Zito, Mengálvio, Gilmar, Coutinho e outros grandes jogadores.
O Cruzeiro era um time de garotos, que além de Tostão contava com Dirceu Lopes, Piazza, Raul, Natal, entre outros.
Foi a noite mais mágica que o Gigante da Pampulha já teve. A maior partida da história do Cruzeiro e que fez com que ele hoje tenha essa grandeza. O time Celeste deu simplesmente um show no Santos, terminando o primeiro tempo em 5x0 para o Cruzeiro, comandado por Tostão e Dirceu Lopes. A partida foi encerrada em 6x2 para os mineiros, a derrota mais humilhante que o até então imbatível time da Vila Belmiro havia sofrido.

O goleiro Gilmar no chão, desolado e pasmo após mais um gol do Cruzeiro no embate de 1966.

Após a partida tiraram uma foto com uma coroa na cabeça de Tostão e que depois saiu em um jornal com o título: "O Novo Rei", uma vez que Pelé era o Rei do Futebol e havia perdido a partida, porém Tostão não aceitou o status, afirmando que o Pelé realmente era o Rei. Mas é indubitável o quão grande era a qualidade de Tostão, quem ousaria afirmar a existência de um novo Rei do Futebol com Pelé (Bi-campeão do mundo com o Peixe e com a Seleção Brasileira) ainda em atividade?
Mesmo assim, Tostão era conhecido internacionalmente como o "Rei Branco" Futebol, já que Pelé era o "Rei Negro".
Uma semana depois, o jogo de volta no Pacaembu, o Santos abriu 2x0 e os paulistas esperavam que a goleada fosse devolvida. No intervalo o presidente do Santos já tentava marcar o 3ºjogo que seria realizado no Maracanã.
O Cruzeiro voltou motivado, e partiu pra cima. O nosso eterno craque perdeu um penalty e não se abateu, pelo contrário, jogou ainda com mais gana, marcou um gol épico de falta que deu início à reação. Logo depois, Dirceu Lopes empatou a partida (o empate já era o suficiente para o título), mas o Diabo Loiro, Natal, marcou o gol da vitória Celeste por 3x2.
O Cruzeiro elevava o nome de Minas Gerais, que agora contava com um time que passou a ser respeitado internacionalmente pelo seu feito e também perdia o seu caráter provinciano com a construção do Mineirão. Tostão foi o primeiro jogador de um clube Mineiro a disputar uma Copa do Mundo, isto ocorreu em 1966, quando ele tinha apenas 19 anos.
Tostão ao lado de outros grandes craques: Gérson Canhotinha-de-Ouro, Jairzinho e Rivelino.

Liderando o time ao lado de Pelé, contribuiu notavelmente para a classificação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1970, sendo o artilheiro das eliminatórias com 10 gols. Em setembro de 69, Tostão levou uma bolada do zagueiro Ditão do Corinthians, e teve a retina do seu olho esquerdo descolada. Foi operado nos EUA, e após grande comoção nacional, foi confirmado na disputa do Mundial de 1970.
Tostão e Rivelino num Cruzeiro x Corinthians

Na Copa do Mundo de 1970, Tostão jogou com a camisa 9 no maior Escrete que o Brasil já teve. A Seleção canarinho contava nada mais nada menos com Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho e Gérson Canhotinha de Ouro. Além de Tostão, Piazza (improvisado como zagueiro e titular da Seleção nesta posição) e Fontana reforçaram o Brasil na Copa.

Na Copa, ficou marcado pelo lance genial contra a Inglaterra (atual Campeã do Mundo), quando driblou vários adversários, fez realmente fila na defesa britânica e a jogada resultou no gol de Jairzinho. Foi eleito por vários órgãos de imprensa europeus, o melhor jogador da Copa.
Tostão vibra com mais um gol na final contra a Itália em 70, no México.

Os campeões do Mundo de 1970, Fontana, Tostão, Piazza e Dadá sendo recepcionados em Belo Horizonte.

Tostão fez grandes parcerias em campo, mas no Cruzeiro a maior foi com Dirceu Lopes e na Seleção com Pelé. Tostão costuma dizer que ele e Dirceu se completavam, e muitos consideram a sua parceria com Pelé, a maior que o Brasil já teve.


Seu último jogo pela Seleção foi na decisão da Taça Independência, em 1972, na decisão do torneio (Brasil 1 x 0 Portugal, gol de Jairzinho).
Pela Seleção realizou 65 jogos (55 oficiais) jogos, tendo marcado 36 gols. Ainda com menos de 20 anos disputou 8 jogos pela Seleção Brasileira, sendo 1 jogo não oficial, e marcou 7 gols.
Foi campeão da Taça Independência 1972 (Minicopa) e Tricampeão mundial 1970, Copa Roca 1971.
Em 1971 fez sua última temporada no Cruzeiro, foi vendido para o Vasco da Gama em 1972 por 3,5 milhões de Cruzeiros (ou US$ 535 mil) na maior transação do futebol Brasileiro até a época. Em 1973 aconselhado por um médico aposentou-se com apenas 26 anos de idade.
Depois de aposentado do futebol, cursou Medicina na UFMG. Como cronista esportivo, passou a atuar assim após a Copa de 94, sendo hoje um dos mais respeitados do País.


Tostão foi tema de livros, revistas, filmes, documentários, homenagens e é nome indiscutível na Seleção do Cruzeiro de todos os tempos.
Segundo alguns críticos, o futebol, na concepção moderna de jogo coletivo e solidário, com o craque colocando o espírito de conjunto acima de sua própria vaidade, começou com Tostão, que teve em Cruyff um seguidor perfeito. O futebol, dentro desse conceito, pode ser dividido entre antes e depois de Tostão.
Nome: Eduardo Gonçalves de Andrade
Nascimento: 25/1/1947, em Belo Horizonte (MG)
Posição: Ponta-de-lança
Quando jogou: 9 anos (1963-1972)
Títulos pelo Cruzeiro: Taça Brasil 1966; Campeonato Mineiro 1965/66/67/68/69.
Gols pelo Cruzeiro: 248.
Ganhou o Prêmio Golfinho de Ouro em 69, para a Personalidade Brasileira mais destacada no Esporte.

Em 92, foi eleito por jornalistas, técnicos e ex-jogadores como um dos 10 gênios do futebol brasileiro, de 70 a 92.
Jogador que detém o recorde de seqüência de artilharia em campeonatos mineiros (105 gols em seis edições seguidas). 1965 (artilheiro com 17 gols), 1966 (artilheiro com 18 gols), 1967 (artilheiro com 20 gols), 1968 (artilheiro com 25 gols), 1969 (artilheiro com 14 gols) e 1970 (11 gols).

Também foi o artilheiro do último Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1970 (antigo Campeonato Brasileiro).

Em 1999, a Revista Placar fez uma eleição, e Tostão ganhou como jogador do século do Cruzeiro e pra finalizar também figura entre os 50 melhores do mundo.

Marcou 143 gols no Gigante da Pampulha, (1 a menos do que Reinaldo, o maior artilheiro do Estádio, mas que jogou só pelo Atlético 12 anos no Mineirão, enquanto Tostão jogou por apenas 9 anos pelo Cruzeiro).

Tostão tem a maior média de gols do Mineirão que é de 17,875 gols por ano, enquanto o atleticano Reinaldo, o segundo da lista, tem uma média de 11,692 gols por ano nos 12 anos em que defendeu o Galo.
É o maior artilheiro da história do Cruzeiro com 248 gols.

Devemos muito do nosso Cruzeiro de hoje à aquela geração da década de 60, e principalmente à Tostão. O Mineirinho de Ouro como foi também apelidado, comandou o Cruzeiro Esporte Clube que surgia no âmbito nacional e que se firmou como maior força do futebol Mineiro, além de ter passado a ser respeitado mundialmente após a goleada imposta frente ao poderoso Santos de Pelé.
Tostão é, sem dúvidas, o maior jogador a atuar por um clube de Minas Gerais.
Suas glórias jamais serão esquecidas, o Sr.Eduardo Gonçalves de Andrade merece glória eterna e felicidade plena. À ele o nosso muito obrigado, por ter feito do Cruzeiro a grande potência do futebol Mundial que é hoje.
É um orgulho dizer que ele foi o maior jogador do Cruzeiro, um jogador ímpar, simplesmente notável, simplesmente gênio, simplesmente Tostão.

Alguns comentários sobre Tostão:

“A tabelinha de Pelé e Tostão confirma a existência de Deus.”
(Armando Nogueira, jornalista e escritor)

“A concepção do futebol solidário começou com Tostão.”
(Daniel Gomes, jornalista)
“Por mais que eu reze não tem jeito. Esse Tostão é mesmo infernal.”
(Dom Serafim Fernandes de Araújo, ex-bispo de Belo Horizonte, torcedor do Atlético Mineiro)

“Poucos jogadores sabiam abrir espaços para os companheiros como Tostão fazia.”
(Didi, ex-jogador da Seleção Brasileira)

“Quem viu Tostão pode se considerar uma pessoa feliz.”
(Armando Nogueira, escritor e jornalista)

“A ele bastava um palmo de grama para encantar o mundo com dribles e gols jamais sonhados antes.”
(Roberto Drummond, jornalista e escritor)
“Tostão pegava a bola no meio-campo, levantava a cabeça e caminhava com a bola como um maestro.”
(Marão, EM, março de 2001)

“Está entre os cinco ou seis maiores jogadores de todos os tempos.”
(Nelson Rodrigues, jornalista, escritor e dramaturgo, sobre Tostão)

“A diferença de um grande jogador para o outro é a capacidade de inventar o momento. De repente, sai uma jogada que não estava prevista.”
(Tostão)

2 comentários:

  1. Parabéns, ÓTIMO blog, ÓTIMO tópico, já esta adicionado nos favoritos, sério mesmo, continue assim!!continue postando!parabéns mesmo

    Igor Almeida Bastos
    Cruzeirense fanático e APAIXONADO!

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